Viver no exterior é uma experiência de muito crescimento. Sim, existem jeitos de se viver no exterior e não ter muito crescimento, tudo depende das nossas escolhas e da nossa atitude frente às coisas.
Segundo o meu professor Luís Gustavo (do Brasil), viver no exterior é como se mudar para um outro planeta. Bom, talvez não seja tanto assim, mas tem um fundo de verdade nesse início de conselho. Tudo funciona de um jeito diferente, os códigos de ética são outros, as formas de fazer as coisas são outras, as regras são outras, os lugares onde se compram as coisas são outros... E começar uma vida em um "outro planeta" é um belo desafio.
São dias como hoje que nos ensinam que tipos de atitudes devemos mudar para aproveitar melhor essa fase de crescimento. O frio está chegando em Roma. Para as noites frias nós temos o meu pala (que eu trouxe do Brasil) e dois finos cobertores, aos quais cabem melhor o nome "mantas". Estava na hora de procurar algo mais quente.
A primeira atitude foi procurar no "edredom" no dicionário: "piumino". Valeu a pena procurar também "cobertor": é "coperta", que é a mesma palavra para coberta (o que pode significar muitas coisas). Bom, palavras do diconário às vezes não são muito confiáveis, mas saímos por aí munidos destas duas: "coperta" e "piumino".
A segunda atitude foi perguntar para alguém conhecido. Bem, o Franco tentou ajudar mas acho que sabia menos que a gente... Tudo bem.
Fomos no Carrefour e achamos algumas coisas chamadas "trapunta". Parecia fino demais. Saímos pra pegar um ônibus até a estação de metrô, onde tem uns "camelôs" que podem ter algo pra nós. Na parada a minha amada esposa me sugeriu pra perguntar pra alguma senhora onde a gente encontra. É, as sugestões da Faeca mudam o dia!
Eu sei, mas às vezes esqueço ou finjo esquecer. Preciso conversar mais com as pessoas! Uma experiência no exterior não tem significado se não interagimos com as pessoas. Com aquela conversa fiz uma interação cultural, treinei o meu italiano, aprendi mais sobre Roma e descobri um monte de coisas sobre cobertores e edredons!
A tal senhora sugeriu principalmente um tal de "piumino doca", que eu não entendi o que era, mas guardei o nome. Me disse onde encontrar cobertores e edredons e onde não vale a pena procurar. Me falou também que em outubro não costuma ser frio assim em Roma, então até os romanos foram pegos de surpresa. Disse que esse frio é normal em dezembro! Disse também que a chuva já ia parar! :-)
Continuamos a conversa no ônibus e ela mostrou onde devíamos descer. Tínhamos chegado no IKEA. Esse é um grande shopping center para a casa, com quartos completos, cozinhas, sofás, tapetes, travesseiros, pratos, velas, edredons, cabides, lâmpadas, louças... Lá foi uma dificuldade achar os edredons e, depois de achar, entender o que era o quê. Ficamos um tempão rodeando os edredons (que eram brancos, porque se compra separado o edredom e a capa) e lendo os cartazes que explicavam de que eram feitos, o quanto aqueciam e quais eram as diferenças entre eles.
Depois de um tempo a Faeca sugeriu pra eu perguntar pra uma mulher da loja. "Perguntar o quê?"; nem eu sabia. Atendendo a sugestão, perguntei de que material eram os edredons, se tinha de lã, se tinha cobertores. Descobri que não tinha de lã nem cobertores de casal. Lembrando dos conselhos da senhora da parada de ônibus e assustados com os preços, achamos melhor não comprar.
Saímos do IKEA com 8 cabides, 2 travesseiros (bons e baratos, parecidos com os do Mario e da Joanita), 1 guarda-chuva, 1 luminária (pra eu estudar) e alguns talheres que faltavam. Depois partimos para outro Carrefour, com poucas esperanças.
Lá nos deparamos com quase as mesmas coisas do primeiro Carrefour. Edredons finos e que diziam coisas que não entendíamos. Depois de um tempo recebi a mesma sugestão: "pergunta pra essa mulher aí". Eu como sempre fiquei em dúvida, mas perguntei. Disse que não entendíamos muito e perguntei se ela podia ajudar.
Bem, ela foi super presetativa! Largou tudo que estava olhando e ficou na sessão dos edredons olhando um por um com a gente. Eu perdi a vergonha e perguntei tudo o que vinha na cabeça. Esquenta mesmo? Porque os preços são diferentes? Como sei se é de casal ou solteiro? Me falaram que de poliéster não era bom, é verdade? O que é esse tal de "trapunta"? Ah, então não esquenta tanto quanto o "piumino"?
Bom, ela não sabia de tudo, mas foi lendo os rótulos e descobrindo pra gente. Aí vimos que a tal trapunta é um edredom (piumino) com a capa já. Era só essa a diferença. Precisávamos ver a densidade pra ver o quanto esquenta. Ela até disse que uma certa marca era boa. Bom, não tivemos dúvidas e levamos essa trapunta.
Pegamos alguns ônibus e chegamos em casa cheios de sacolas!
Botamos a tal trapunta na cama e vimos que é gigante! Dá quase pra dobrar ao meio! Que bom, assim a gente se enrola bem e ninguém roba a coberta de ninguém! Hoje vamos dormir bem "trapuntados" e ver se o negócio esquenta mesmo.
Aqui cada pequena tarefa se torna um desafio. Não sabemos como funciona, onde se encontra, que ônibus pegar, se tá aberto... E nada melhor que interagir com as simpáticas senhoras das paradas de ônibus para saber o que é melhor. Chegamos em casa com um belo edredom e bons travesseiros! E nem vi ainda no dicionário o que é o tal do "piumino doca".
Até!
Nino
Oi amigos queridos estou muito feliz e orgulhosa de vocês. Admiro muito o esforço com que estao realizando as coisas e tenho certeza que Deus vai compensar td isso. Estou torcendo muito por vcs, nao esqueçam q adoro vcs dois. Saudades!!
ResponderExcluirAs melhores informações que consegui em Roma também foram com senhoras de paradas de ônibus. Já pensou se elas cobrassem pelo serviço? :-D
ResponderExcluirQue legal, ficamos morrendo de vontade de nos "trapuntarmos" tambem!!!
ResponderExcluirRealmente vale a pena perder a vergonha e puxar papo com as pessoas na rua. Na pior das hipoteses elas vao dar uma resposta curta, e na melhor, vao dar varias dicas boas. E das duas maneiras a gente treina o Italiano.