contas erradas, computador ligado, mate lavado: já tô cansado!
Toda quinta-feira a turma de análise em várias variáveis complexas tem aula de exercícios, onde os alunos vão ao quadro exporem os exercícios que resolveram. Junto com os exercícios têm a oportunidade de expor suas maiores dificuldades matemáticas. Uma oportunidade meio assustadora essa...
Assustado assim eu tava hoje. Eu sei que tem várias coisas básicas da matemática que não aprendi direito ou que não sei. Cada aula de exercício é uma chance que eu tenho de mostrar o quanto eu não sei o que deveria saber. Ainda que o professor é o Filippo, a mesma pessoa que conduziu o processo de seleção que me deu a bolsa de doutorado que estou recebendo. Pra mim é difícil expor pra ele que talvez eu não seja aquilo que ele imaginava.
Bem, isso tá ficando meio dramático demais... Mas a questão é que com isso eu faço o possível pra chegar com um bom exercício e com ele bem feito. Se estiver faltando alguma coisa, eu vou ter que fazer lá no quadro, na hora. O Filippo e a turma ajudam, eu sei. Mas e se alguém disser algo do tipo: "usa a definição de matriz positiva semidefinida"? - "Ãh?"
Mas tudo bem, fiz meu humilde exercício, mesmo que usando um canhão pra matar uma mosca. E tudo correu bem. Na mesma aula, um colega fazendo o seu exercício, e disse: "E pelo Lema de Fatou, segue o resultado." - "Ãh?". Que bom que o professor não sou eu, e o Filippo sabia do que ele tava falando... :-)
Mas refletindo um pouco, eu sei muito bem o quanto é importante essa aula de exercícios, e o quanto é importante ir ao quadro, mesmo sem ter nada pra falar. Acho que o que me falta aprender (fora o Lema de Fatou) é a deixar mais de lado o orgulho. Esse orgulho me faz querer esconder as minhas dificuldades, que eu preciso enfrentar. E me faz me esconder de professores e colegas. Na UFRGS eu era visto como um aluno dedicado, que não tinha medo de perguntar ou fazer exercícios. Aqui eu sou (estou sendo) um aluno de doutorado que tem medo de fazer exercícios numa turma de mestrado.
à luta!
Aos poucos estou encontrando o meu ritmo, o meu jeito de estudar, o meu local de trabalho, a hora de tomar mate ou café... Corro muito atrás do relógio, não entendo muitas coisas e tenho dificuldades nos exercícios. Mas atitudes como a de hoje são importantes. Apesar do pavor, fui e enfrentei a aula de exercícios. Que não teve nada de pavorosa. O difícil foram as horas antes da aula...
Resumindo... Agradeço a Deus pela oportunidade de passar por todas estas dificuldades e por poder ter condições de enfrentá-las!
Tenino
Oi Vitalino
ResponderExcluirTe entendi perfeitamente. Embora não passe por aqui seguido, volta e meia me lembro de ti.
Boas aventuras pra ti e pra Faeca. Coragem. ;-)
João Hélder