sábado, 18 de dezembro de 2010

Nossos protegidos

Hoje vamos falar dos nossos protegidos, carinhosamente chamados de "filhos adotivos". Eles são os gatos de rua que vivem na nossa vizinhança e que têm, de alguma forma, contato com a gente.

A história começa logo que começamos a morar no apartamento. Tinha uma gatinha toda branca que entrava como se estivesse em casa, passeava um pouco, e saía. Pra vocês se situarem, o nosso apartamento é ligado com um pequeno pátio nos fundos por uma porta de vidro (com persiana) e uma grade de ferro. Quando a porta e a persiana ficavam abertas, a gatinha passava pela grade e passeava pelo apartamento. Bastante sociável pra um gato de rua. Apelidamos ela de branquinha. Depois de poucos meses ela parou de nos visitar e nunca mais vimos ela...


Mas nem todos eram fáceis como a branquinha. Tinha um que não deixava a gente chegar perto, morria de medo. Mas sempre andava nos arredores do nosso apartamento, porque a vizinha de cima jogava comida pra ele da janela. Aí ele ficava esperando...


A gente na verdade não sabia se era ele ou ela, então chamamos de "gordinha". Com ele que começamos a dar leite: deixávamos o pote lá na grama e saímos de perto. Ele esperava a gente se afastar pra ir tomar o leite...


Depois de vários meses ele começou a tomar leite perto de nós e enquanto ele tomava a gente ia conversando com e acalmando ele. Ele se acostumou com a nossa voz e a nossa presença até ficar completamente à vontade. Olha ele aqui dormindo em frente à porta, bem à vontade:


E foi nessa época que descobrimos que era ele, e não ela. Então a gordinha passou a ser chamado de bolinha. Esse bolinha mexeu bastante com a gente, pois passou de um gato completamente chucro e esquivo a um companheiro que era só chamar que ele vinha correndo.

O bolinha estava sempre por perto na época que fomos de férias para o Brasil. Mas depois que voltamos não vimos mais ele. Ficou a saudade.

Outro que teve uma história semelhante foi o mimi, que no começo chamávamos de "sujinho" (ele merecia um nome melhor, né?). No começo era bem branquinho:


Mas já era meio velhinho e com o tempo foi ficando mais quietinho e não dava muito conta de se dar banho... E, que nem o bolinha, não deixava a gente chegar perto.


Já deu pra ver que não demoramos em comprar comida pra eles. O mimi resistiu mais à afeição do que o bolinha. Nessa época ele até chegava perto da gente pra comer. Mas logo que enchia a barriga, dava meia volta e ia pro outro canto. E lá ficava, sentado, digerindo a comida.

Depois de muito tempo também ele aceitou a gente. Deixou a gente passar a mão e foi vendo que perto da gente ficava seguro.


Antes de viajarmos de férias, o mimi andava meio sumido. E ficamos preocupados, porque quando ele dava as caras parecia meio abatido, com pouca vontade e comendo pouco. Uns dias depois do nosso retorno nos surpreendemos em vê-lo do lado de fora do portão externo do nosso pátio. Estava com o pêlo bem bonito e limpinho, e parecia mais animado que antigamente. E tinha ido lá pra ver a gente e ganhar um pouco de comida...

Ficamos muito felizes, talvez alguém tenha pego ele pra cuidar. Depois apareceu mais umas duas vezes e de novo o danado está sumido. Esperamos que esteja bem!

Outra que esteve presente desde o início era a gypsy. Ela é a gata do vizinho que mora ao nosso lado, o Pino (apelido de Giuseppe). Ela se enturmou rápido com a gente, mas sempre teve uma atitude de mimada e mandona. Não queria muito carinho, só de vez em quando. Se a gente desse muito carinho ela já brigava. Às vezes a gente passeava lá fora e enxergava ela, se abaixava e chamava. Ela vinha correndo faceira e passava reto! Bem louca! A gente carinhosamente apelidou ela de "gypsy loca". Vejam a cara de loca:


Ela também faz cara de antipática:


A gypsy pensa que é dona da gente e de toda a área. Adora brigar com os outros gatos, principalmente se estamos por perto. Olha só o ciúmes rolando solto enquanto damos atenção pro mimi:


Ultimamente a gypsy tem estado insuportável. É que começamos a comprar a ração dos nossos adotivos no mercado mais perto de casa, e essa ração é a Whiskas. Não sei o que a Whiskas tem que deixam os gatos loucos. A gypsy, mesmo sendo bem tratada pelos donos, sempre vem aqui filar a ração dos mais necessitados.

Isso não é legal, mas é suportável. Mas o quanto mais ela vem aqui e come aqui, mais ela considera como dela esse território. E ela está querendo brigar com todos os gatos que vem comer no nosso pátio. Ela tem até ficado de guarda quando não tem comida pra não deixar outro gato chegar perto. Então estamos agora espantando ela e não deixando ela comer a comida dos que passam fome. Ela sempre volta, mas quando enxerga a gente, já sabe e se manda. Às vezes ela tem a cara de pau de dar uns miados pedindo pra gente deixar... É, gato domesticado aprende a se comunicar....

Então a gypsy não é oficialmente uma protegida, e muito menos adotiva. Mas faz parte da história dos protegidos.

Um belo dia, o bolinha trouxe alguém pra mostrar onde fica a comida. E pela aparência, ela parece ser filha dele...


Chamamos ela de Laila. Olhem a cara de filhote dela, bem novinha. Essa se acostumou com a gente rapidinho e cresceu perto de nós. Ela age como um gato domesticado, mas anda por tudo e se vira bem. Cresceu sabendo que não somos donos dela e vem visitar-nos mais ou menos uma vez por dia.


Tem até um tapete pra ela no pátio. Ela aprendeu que não pode entrar em casa, então às vezes fica deitada, no tapete dela no pátio, esperando receber mais um pouco de atenção. Quando enxerga a gente, fica miando e se esfregando em tudo que vê pela frente. Bem carente. Às vezes a gente vai deixar o pote de leite e ela quer se esfregar na nossa mão e quase enfia a cabeça no pote!

Tem vezes que ela fica na porta olhando o movimento dentro de casa. Se a gente para e olha pra ela, ela dá um miado bem baixinho e mexe as patas da frente, ensaiando aquele movimento de "amassar pão" típico dos gatos.

Temos quase certeza que ela é filha do bolinha. Não só pela semelhança do pêlo, mas também pela mania de, quando está deitada e fazemos carinho nas costas, ela levanta a bunda e continua com a cabeça no chão. Igual ao bolinha!

A Laila felizmente nos acompanha até hoje. Achamos até que ela já é mãe! De quem? Já chegaremos lá....


Antes vamos falar da baby. Uma gatinha branquinha, bem novinha, que também já chegou se sentindo à vontade.




Ela gostava de ficar deitada entre a grade e a porta de vidro, cuidando o movimento... ou dormindo!




Com o tempo a gente notou que ela parecia grávida. E tão novinha... E depois a barriga dela tinha diminuído. A gente notou também que ela tava comendo um monte. Então um dia resolvemos seguir ela pra ver se encontrávamos a ninhada, sem saber se ela realmente já tinha parido ou não. Além de nós também o bolinha se botou a seguir ela...


Nos embretamos pelo meio do mato e fomos parar no estacionamento de outro edifício. Por lá o bolinha foi pra outro lado e percebemos que a baby tava seguindo a gente, e não a gente seguindo ela. Procuramos um pouco pelas redondezas e encontramos um gatinho novo. Mas não parecia ser filho da baby, pois era um filhote mais grandinho.


A Faeca foi buscar comida enquanto o Nino esperava com ele. E enquanto esperavam apareceram mais dois filhotes. Aqueles três andavam sempre juntos.




Com o tempo eles foram entendendo que a gente queria o bem deles e trazia comida. Eles enxergavam a gente e vinham correndo, miando de fome! A nossa idéia era ensinar eles o caminho pra nossa casa, pra aparecerem lá de vez em quando pra comerem.


Então um dia chamamos eles e fomos guiando até o nosso pátio. Eles não conheciam o território, então andavam com todo o cuidado, o que demorava a peregrinação...


No nosso pátio eles se sentiram muito à vontade. Talvez demais. Porque ia chegando a noite e eles não podem pensar que somos os donos deles. Precisam continuar morando na rua. Nós não podemos (bem que queríamos) adotar gatos aqui, porque não poderemos levar pro Brasil quando formos embora, nem mesmo durante as férias.






Então era outra peregrinação levar eles de volta para o estacionamento onde sempre ficavam. E o mais difícil era despistar eles e ir embora sem eles nos seguirem!


Depois de fazermos isso umas três vezes, um dia fomos surpreendidos com a lady vindo sozinha pro nosso pátio.




Demos esse nome pra ela porque ela era sempre muito delicada e distinta. Parecia uma lady. Olha só que engraçado o jeito que ela dorme:




Ficamos felizes com ela ter encontrado a nossa casa. Mas no fim do dia tivemos que levá-la de volta. Levamos até o estacionamento e saímos correndo antes que ela percebesse. Nos doeu no coração, mas era necessário.


Depois também o negrinho começou a ir sozinho nos encontrar. E ele olhava pra gente no fundo dos olhos pra pedir atenção. Com os olhos meio fechadinhos, parecia apaixonado...




Cada vez que recebíamos a visita de um deles era uma alegria! Mas a gente não sabia se tinha mais medo que eles se apegassem a nós ou nós a eles! O negrinho foi o mais difícil de deixar no estacionamento. Ele não saía de perto da gente, não dava pra despistar. Até que ele se distraiu e nos mandamos correndo. Olhamos pra trás e ele tava correndo atrás da gente! Aumentamos a velocidade num desespero! Imaginem, fugindo de um gatinho!


Mas dos três, a princesa era a mais tímida. Não deixava a gente chegar perto, sempre tinha medo e não queria saber de carinho. Mas também ela aprendeu a vir aqui comer e é claro que com o tempo não resistiu aos nossos encantos... Quem já conquistou o mimi e o bolinha não ia ter problemas com ela!




Mas quando ela descobriu o carinho... Não queria saber de mais nada. Queria carinho a toda hora. Coitada, era completamente carente. Enxergava a gente e já soltava aqueles miados igual uma motoca. E quando ganhava carinho, começava o movimento de amassar pão, mas com as patas de trás! Uma figura!


Esses três bichinhos mexeram bastante com a gente. Mas um a um foram parando de aparecer. Chegamos a procurar lá no estacionamento várias vezes, e nada deles. Esperamos que tenham sido adotados, poque eram um encanto mesmo. A gente via as crianças dizendo que era bonitinhos e fofinhos. Antes os gatinhos sempre fugiam, mas aprenderam a conviver com as pessoas.


De todos os protegidos que falamos aqui, só recebemos visitas até hoje da laila e da gypsy. Sendo que a gypsy não é mais bem-vinda, porque virou encrenqueira. E tem outro gato que aparece aqui pra comer, mas é mais chucro que todos que conhecemos aqui. Se ele enxerga o nosso vulto na janela já sai correndo! Demos pra ele o nome de gatão. Temos uma foto dele, mas não dá pra enxergar direito, já que ele é muito arisco.




Ele é bem bonitão. O problema é que a gypsy loca não pode ver ele que já quer briga! Mas quem sabe um dia esse também não vira um mimoso como todos os outros?

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